quinta-feira, 9 de maio de 2013

Uma Música

A arte muitas vezes dispensa comentários, ela fala por si só. Há tempos ouvi e re-ouvi  essa canção e gostaria que alguém mais ouvisse. A música precisa de ouvidos.
Essa suave e terna canção surgiu da parceria dos músicos Arthur Nogueira e Gisele de Santi. Ele de Belém do Pará e ela de Porto Alegre. O Brasil é grande... a distância uma ficção.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Valéria Lobão

Prezados leitores, peço-lhes hoje uma atenção especial para esse post. Vou lhes apresentar uma figura ímpar.
Levei exatamente 8 meses para escrever esse post. Aguardava um momento de inspiração sublime pois vou falar de uma cantora muito especial que me emociona muito e que por incrível que pareça trouxe seu som a mim através desse blog. Digo que isso foi a surpresa mais agradável que tive aqui. Todas as horas que passei escrevendo nesse blog valeria a pena apenas para que eu recebesse o e-mail dessa moça.
O momento de inspiração sublime não veio e percebo, um pouco atrasado, que a inspiração está no trabalho dela e que eu estou privando meus amigos que por aqui passeiam de conhecer
VALÉRIA LOBÃO:







Essas músicas fazem parte do seu primeiro disco, de nome "Chamada". Difícil escolher qual música gosto mais.

Esse trabalho faz parte de uma odisseia, a obra prima de uma pessoa que acredita no seu trabalho e de seus parceiros. Cinco anos de produção e nas próprias palavras da artista: "A ideia era de deixar um registro pra minha filha que ia nascer, acabou contando com a presença de 57 músicos, 8 arranjadores e a bela participação especial do Marcos Sacramento, Equale e Pedro Luis e A Parede e do Gilson Peranzzetta. E aos 45 do segundo tempo ganhei um Prêmio da Funarte, que viabilizou a fabricação do cd com um encarte caprichado. Uma aventura e tanto!"

Ele me disse que queria um disco que desafiasse o tempo. Ai meu Deus, vendo tanto lixo musical hoje em dia me dá uma alegria imensa saber que ainda existem pessoas como Valéria Lobão. Inspirada, forte e corajosa. É a mulher brasileira, é a música brasileira na sua melhor forma.

Bravo, Valéria!

Amigos, ouçam sem moderação:

https://soundcloud.com/valerialobao

Para saber mais sobre a moça:

http://valerialobao.blogspot.com.br/

domingo, 6 de janeiro de 2013

A Volta do Lado B do Lado B

Quase um ano sem postar nada aqui. 2012 foi um ano difícil, bom e ruim.
No começo do ano sempre fazemos promessas que dificilmente vamos cumprir. Uma das minhas promessas  é escrever com mais frequência aqui. Torço para que dê certo.
Nessa postagem vou tentar mostrar um pouco do que ouvi nesse ano de 2012. Conheci muita coisa boa e gostaria de compartilhar. Espero que alguém ouça pois esse músicos merecem ser ouvidos.

Vou começar pelo grande Vítor Ramil. Vitor Ramil é um compositor do Rio Grande do Sul, irmão mais novo de Kleiton e Kledir. Mesmo que você não goste dessa dupla  dê uma chance ao irmão mais novo porque ele é infinitamente melhor que seus irmãos mais velhos. Vou postar aqui algumas músicas de seu disco com o percussionista Marco Suzano, Salopete Sambatown. Difícil tarefa, pois é um disco em que todas as faixas são muito boas.

Livro Aberto:



Ivento:



A Ilusão da Casa:



Quem acompanha o lado do lado do B sabe que faço escolhas as vezes meio sem sentido. Já baixei disco por causa da capa e mais uma vez baixei um disco por causa do nome do artista. Navegando pelo site Musicoteca, na esperança de achar um som bom pra ouvir, descobri Tibério Azul. Ouvi o disco e fiquei muito satisfeito com a sonoridade. O disco tem um pegada pop com sotaque pernambucano. Pesquisando descobri que o moço é vocalista da banda "Mula Manca e a Fabulosa Figura". A banda não me interessou muito mas o disco de Tibério Azul chamado "Bandarra" está entre os melhores que ouvi em 2012.

Veja Só:



Alquimista Tupi:



Lá Em Casa:



Rodrigo Campos tem um música que chama-se "Salve Fabrício". Um amigo, Mateus Mesquita, me enviou essa canção pelo Facebook. Muito lisonjeado fiquei, pois meu nome em uma música nunca havia ouvido e também pela lembrança do Mateus. A música é boa, o disco todo é muito bom. "São Mateus Não é Um Lugar Tão Longe Assim", de 2009, foi disco aclamado pela crítica e hoje Rodrigo Campos é um dos nomes mais promissores da chamada "Nova MPB". Carioca do subúrbio, o disco conta a sua história e a de seus amigos de forma bem interessante.

Salve Fabrício:



Califórnia Azul:



Cavaquinho:




Filipe Catto me foi apresentado pelo meu parceiro Rafael Mourão. Muito comparado ao Ney Matogrosso, Filipe é dono de um timbre vocal ímpar e além de tudo é um excelente compositor. Acredito que esse moço ainda será muito conhecido. Vamos aguardar.

Saga:


Roupa do Corpo:



Juro Por Deus:




Para finalizar essa postagem, cito com muito entusiasmo o baiano Marco Vilane. Sem pretensão de ser diferente, novo ou contemporâneo o compositor compõe belas canções. Com muita competência e com um time da pesada, seu disco "Varal" me encantou. Vale a pena ouvir do disco todo. O rapaz não é bobo...

A Seta da Paixão:



Criando Asa:



Versa e Vice:



Com muito pesar em 2012 tivemos um fim do site "Um Que Tenha" que muitas alegrias nos deu. Uma pena, perdeu-se um acervo imenso.

Desejo a  todos um 2013 muito musical! Ouça sem moderações!


sábado, 31 de março de 2012

A Mão direita de Vicente Barreto

Há alguns anos um aluno meu, Izaltino Moraes, grande Zazá, peça rara, sujeito boníssimo, me presenteou com um disco chamado "Mão Direita". Disse que estava vasculhando uma daqueles bancas do centrão de Belo Horizonte e achou que eu me interessaria. O disco era tão barato que ele comprou dois, um para mim e outro pra ele. O disco era do Vicente Barreto. Nunca havia ouvido falar do tal músico. Mas todo mundo que ouve um pouco de MPB conhece uma música sua, a mais que batida "Tropicana". Não desanime! Não pare de ler aqui! Morena Tropicana, como é conhecida, é dele do excelente Alceu Valença. Essa música realmente é meio canseira e não apresenta a qualidade da obra de Vicente Barreto.
O nome do disco já é um convite para se ouvir. Quem é músico sabe que o mistério do violão está na mão direita, mas quem ouve atentamente Mestre João Bosco e Mestre Djavan também sabem bem do que estou falando.
Vicente Barreto é da pesada! Ouça um pouquinho da poderosa Mão direita do moço:

Mão Direita - Vicente Barreto / J. C. Costa Neto by Fabrício Belmiro

Na Volta Que O Mundo Dá - Vicente Barreto / Paulo César Pinheiro by Fabrício Belmiro

O Rio Virou Sertão - Vicente Barreto / Celso Viáfora by Fabrício Belmiro

Senhora - Vicente Barreto / Carlos Henry by Fabrício Belmiro

Vicente Barreto é daqueles compositores que precisamos conhecer um dia. Baiano do interior traz uma musicalidade "jeca urbanóide" que me encanta profundamente. Tem uma consciência bacana do país que vive e revela isso em suas composições.  
Vicente possui parcerias com Vinícius de Moraes, Gonzaguinha, Tom Zé, Paulo César Pinheiro e Elton Medeiros, dentre outros. Já foi gravado por Mônica Salmaso, Elba Ramalho e Chico Cesar, por exemplo. Profundo, raro e infelizmente pouco acessível num mundo que em um tal de Teló faz sucesso no mundo inteiro (parece piada de mau gosto). Deixo duas músicas pra finalizar que falam dessas incoerências. A primeira é "Notícias" do disco Mão Direita mesmo e a segunda é "A Cara do Brasil" com Ney Matogrosso (o arranjo lindo), parceria com Celso Viáfora.

A Notícia - Vicente Barreto / Celso Viáfora by Fabrício Belmiro




Vou postar aqui o disco todo pois ele é uma raridade e será difícil encontrar pra baixar:
http://www.4shared.com/rar/YgTB5n5k/Vicente_Barreto_-_Mo_Direita.html

Esse post é dedicado ao meu querido companheiro de sons malditos Márden Pádua. Leitor assíduo do Lado B do Lado B - a quem prometi postar um vez por mês.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

O Lado Z de Maurício Pereira

Quantas vezes você, músico, ouviu alguém dizer que o Chico Buarque é bom compositor mas que não canta nada. Quando ouço isso eu penso: “Perdoe-lhes, Mestre Buarque, eles não sabem o que falam”.
Aprendi com um diretor musical, com quem trabalhei em um espetáculo, grande maestro, que não gostar de um timbre da voz de alguém é preconceituoso, é como não gostar da cor dos olhos de alguém. A voz de cada pessoa é diferente, nem melhor, nem pior. Não vamos confundir gosto com questões estéticas. Como diz a sabedoria popular “gosto não se discute, mau gosto sim”.
Essa introdução é apenas para falar sobre Maurício Pereira, dono de um timbre delicioso, mas pouco palatável para aqueles pouco afeitos a musicalidade mais refinada.
Maurício Pereira é paulista, antigo parceiro de André Abujamra no extinto Mulheres Negras (a menor big band do mundo). Com cara de boa gente é um compositor criativo. Possui cinco discos autorais com um pegada pop de essência brasileira. Irônico, como muito me agrada, Maurício vem da tradição da Vanguarda Paulistana.
Vamos ver e ouvir:

Pra Marte


Pane e Leche

 

Além disso tudo, hoje Maurício Pereira forma uma dupla "caipira-pop-folk-rock da zona oeste paulistana" com seu filho Tim Bernardes, Pereirinha e Pereirão. Uma piada musical muito divertida e curiosa.
É assim, o Brasil tem uma baciada bons artistas. Não se deixe enganar.
O Maurício Pereira tá aqui:
E aqui:
Ou aqui:

Estou feliz. Há muito tempo queria falar sobre o Maurício Pereira.

Trovoa pra fechar:



segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O Lado Z de Lula Queiroga

Provavelmente você já ouviu alguma música de Lula Queiroga. O camarada é parceiro de Pedro Luís e Parede e, indo mais longe ainda no tempo, de Lenine.
O primeiro disco de Lenine chama-se Baque Solto,  em 1983, gravado em parceira com Lula Queiroga. Não posso dizer que os dois depois disso tomaram rumos diferentes, pois podemos encontrar semelhanças em suas sonoridades. Mas Queiroga, digamos, ficou mais quieto, acho que ele é mais Pernambucano. Lenine é mais cosmopolitano, suas músicas sofisticadas atingiram a massa. Lenine é foda todo mundo sabe. O que quase ninguém sabe é que Queiroga também é. Eu provo. Ouça:







Sei lá também, Lenine ficou 10 anos sem gravar depois de Baque Solto, esperou a onda do "roque brazuca" passar,  e mesmo assim conseguiu, hoje é nacionalmente conhecido. Quem sabe não chega a hora em que Lula Queiroga irá arrebentar no chamado show business... vai ver também que nem é isso que o cara quer.
De qualquer forma, Queiroga é da pesada. Suas músicas são boas, inteligentes. E de quebra a gente leva aquele sotaque gostoso de Pernambuco.
Mas não pense que o cara é bobo, que ninguém o conhece. Por exemplo, o último disco dele foi masterizado no Abbey Road estúdio. Isso diz muito.
Bom, eu tive que esperar muito tempo para ouvir o Queiroga pois seus discos nunca caíram na minha mão, mas depois da popularização da internet você acha para baixar. Saboreie Queiroga antes que o FBI cancele as páginas de download gratuito. Ou não...

Pra fechar:

sexta-feira, 1 de julho de 2011

O Lado Z de Zé Modesto

Finalmente, depois de vários meses, tenho um tempinho de folga... e vai passar rápido. O violão está olhando para mim e dizendo: termina isso rápido porque eu preciso soar.
Já disse aqui que baixei um disco pela capa, e me dei bem. Aí pra baixo tem um tal de Matheus Aleluia que como diz Lucas Ed: é fodástico.
Agora baixei o disco pelo nome do músico. Zé Modesto é o nome do músico e seu disco chama-se Esteio. Se ler isso, gostar e querer saber quem é Zé Modesto tome muito cuidado pois ao dar uma "golgada" vai aparecer um monte de links sobre Zé Modesto. Aí mora o perigo porque tem um péssimo comediante, à moda Zorra Total e Praça é nossa, com o mesmo nome. Ele poderia chamar-se Bizarro da Silva. Perdoe-me todos os Silvas, inclusive os da minha família, mas o nome coube tão bem...
Vamos ao Zé Modesto que vale a pena. E como vale...
Difícil, para mim, dizer quem é Zé Modesto. Difícil encontra-lo no Youtube e outras redes. Uma pena! Mas com paciência você acha. Começe por aqui: http://www.mpbnet.com.br/musicos/ze.modesto/index.html
Eu não vou falar muito dele, de sua história, para não correr o risco de falar algo errado e para não ficar no estilo "control c control v". Aqui não é lugar para isso.
Vou falar do som, das composições, desse refresco para a crueza da vida. Mas ouça antes essa sua canção na voz de Renato Braz:



Estou com o mestre Ferreira Gullar: "Todo mundo é avançado, moderno. Eu estou cagando para a modernidade".
Eu quero o original, aquilo que vem da origem. E Zé Modesto é isso, original, sóbrio e sensível. Carrega em suas composições um cheiro de coisa antiga. Não há como explicar em palavras o que sinto quando ouço suas composições. Há lugares que as palavras não bastam.
Agradeço aos novos tempos, a tecnologia e a criatividade de quem inventou a pirataria na internet e os milhões de blogs que postam discos de música independente. Caso contrário, não chegaria a esse disco recheado de bons sons, de palavra boa. Espero que ele me perdoe-me, pois eu baixei. É eu baixo mesmo...
Um Que Tenha, você é foda! O disco está todo lá para você baixar:
Para finalizar deixo uma Prece:
Obrigado, Zé Modesto!

Se você quiser saber mais da lucidez de Ferreira Gullar aqui está:



segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Boca Livre em 2011

Boca Livre inaugurou um novo capítulo na música brasileira. Foi o primeiro grupo a "fazer sucesso" com um disco independente. Isso abre espaço pra muita coisa. Muita reflexão.
Em um tempo em que o disco não vale mais bosta nenhuma, o que significa ser independente? Hoje temos uma série de ferramentas para divulgar novos sons, quando são bons, porque quando são ruins basta ligar a TV. Esse espaço que inaugurei no não tão longe 2010 pretende mostrar à quem possa interessar que ainda existe algo de bom na nossa música e que basta estar atento.
Sou pessimista, não vejo muito futuro pra nós, jovens compositores, mas no entanto não paro de compor e de sofrer. Se vale a pena só o tempo dirá. Bom modo de começar 2011... lamentando.
Voltemos ao Boca Livre. O Boca Livre nasceu em 1979 e de lá pra cá teve várias formações. Minha preferida é com Zé Renato, Maurício Maestro, Fernando Gama e Lourenço Baêta. Essa moçada esteve junto de 1992 a 2000. Moçada da pesada, ótimos cantores e instrumentistas. Compõem e fazem versões que devem fazer chorar seus compositores. O Boca Livre me influenciou e me fez ganhar horas ouvido e reouvindo. O Boca Livre é uma escola e uma boa escolha.
Vou abrir o ano com essa formação do Boca Livre que eu mais gosto, mas para mostrar que toda a história do Boca é digna, vou deixar mais uma com David Tygel no lugar de Fernando Gama. E pra fechar uma composição da rapaziada.
A primeira faixa é "Testamento", de Milton Nascimento e Nelson Angêlo, do disco "Songboca" de 1994.



A segunda é "Titicaca", do iluminado Gilberto Gil, está no disco "Boca Livre" de 1983.



A terceira é "Dança do Ouro", de Zé Renato e Loureço Baêta, do disco "Dançando Pelas Sombras" de 1992.



Que 2011 acolha bem seus compositores...

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Virgínia Rodrigues e as incoerências do mundo

Relutei muito em escrever esse post. Vou tratar de um assunto muito complicado mas pra chegar lá vou falar sobre Virgínia Rodrigues.
Quando Caetano Veloso viu Virgínia Rodrigues no "Bando de Teatro Olodum em Salvador" gostou tanto que resolveu ajuda-lá a gravar um disco. Sorte dela e nossa, pois a moça possui um talento raro. Voz aveludada e potente são alguns de seus atributos.
De manicure passou a cantora reconhecida. Realizou turnês nos Estados Unidos, cantou na Europa, foi entrevistada por David Byrne. Moçada. Não se iludam! Isso é como ganhar na loteria. Não espere o Caetano passar pelo seu espetáculo ou ligar no seu celular te procurando. Trabalhe muito e acredite no seu som. Existe essa ilusão no meio musical de que um dia você será descoberto. Isso é lenda.
De qualquer forma, ela é boa no que faz. Merece estar onde está e deu sorte na vida. Se puder contar com a sorte, melhor.
Em segundo trabalho, chamado Nós, de 2000, Virgínia fez uma homenagem aos blocos afro de Salvador. Particularmente gostei de uma canção chamada "Salvador Não Inerte" que possui um arranjo de cordas belíssimo:



Logicamente, fui procurar de quem é essa música. Como compositor queria saber quem era o colega que fez essa música. A canção é de um tal de Bobôco e, pasmem, Beto Jamaica. Quase caí pra trás. Graças a todos os orixás, eu não estava em pé. Se você esteve vivo na década de 90 e não morava em uma caverna já ouviu esse nome. É ele mesmo, Beto Jamaica do "É o Tchan!". Um dos maiores lixos culturais da história da música brasileira. Não estou de sacanagem com você não. É sério, muito sério.
Meninos e meninas, o mundo é uma comédia.
Busquei no fundo da minha cachola uma conversa que tive com um amigo de Salvador, o grande Vavá, há alguns anos atrás, e lembrei-me que ele disse que alguns membros do famigerado grupo (que me recuso a digitar o nome de novo) tinham um trabalho voltado para a preservação da cultura afro brasileira na Bahia.
Bom, meus amigos, durmam com esse barulho.
Mas nesse disco também tem Paulo César Pinheiro. Vamos encerrar com ele, que é um camarada bem mais coerente:

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Cinco Sentidos



Você já comprou um disco por causa da capa? Eu não. Mas baixar discos pela capa ou por causa do nome do disco ou do artista eu já fiz. Agora ficou bom porque se eu não gostar deleto.
Foi assim que eu conheci Mateus Aleluia. Vendo as capas e procurando algo diferente para ouvir. Não meu amigos, não tem nada de surpreendente na capa. Apenas um velho preto, não um preto velho. Um senhor negro com um olhar profundo, calmo e um quase sorriso nos lábios. Como vocês podem conferir.
Mas quem é Mateus Aleluia? Mateus Aleluia é Lado Z. É refresco para alma.
Os mais antigos talvez se lembram do grupo baiano "Os Tincoãs", fundado na década de 60 e que Mateus Aleluia era um dos três integrantes. Nesse grupo vocal seus integrantes procuravam valorizar nossas raízes culturais negras. Eu como Vinicius de Moraes sou um branco bem preto, gostei dos caras e do som deles. Recomendo. Posto aqui o maior sucesso do grupo, "Deixa a Gira Girar":



Voltando ao Mateus: único integrante vivo do Tincoãs, respeitado e muito conhecido na Bahia lançou em 2009 o disco Cinco Sentidos em que lança mão das suas composições a partir de uma base afro-barroca e indígena. Original é o que vem da origem e esse disco é raro em todos os sentidos possíveis, não são apenas cinco sentidos, são milhares. O disco traz arranjos impecáveis em um universo lírico rico e uma sensibilidade quase espiritual. Ouço e vejo um Brasil quase esquecido. Fico triste e feliz ao topar com um trabalho desse. Feliz por saber que ainda resistimos, que alguém ainda se interessa e se preocupa em fazer música de verdade e por saber que tem gente pra ouvir. E fico triste por saber que é pra poucos.
Segue abaixo "Ogum Pá", que dói e "Amor Cinza", que dói menos mas nem por isso é menos bonita.






Quer o disco todo. Tem aqui:
http://umquetenha.org/uqt/?p=9766

Tem mais:  Rita Ribeiro, Jussara Silveira e Teresa Cristina gravaram o disco "Três meninas do Brasil" e a música que fecha o disco é justamente  "Deixa a Gira Girar". Quem são essas mulheres? Assunto para as próximas postagens.  Vale a pena ouvir essa interpretação:




Esta postagem é em homenagem à minha amiga e contrabaixista, Larissa Horta, que me cobrou uma escrita.
Valeu Lalá, deixa a gira girar! Sucesso!

terça-feira, 13 de julho de 2010

O Terceiro Lado do Disco

Preto é cor, mas as vezes é gente. Preto é cor e negro é raça. Não confundam as coisas.
Preto é desbocado, é irônico, é debochado e eu gosto disso nele. Há quem goste.
Preto é meu amigo dos mais antigos. Não que sejamos antigos. Mas quando eu nem sabia direito quem eu era já éramos amigos.
Preto é Professor de português e literatura. Gosta e conhece as palavras. Algo caro aqui nesse blog.
Preto é também percussionista e já gravou um disco.
Preto me presenteia com livros, deve me conhecer um bocado. O mais recente foi uma biografia do Apparício Torelly, o Barão de Itararé.
Preto nasceu como Antônio Augusto e virou personagem principal de uma tirinha minha e nem sabe (não sabia até agora).
Meu amigo, Preto, na sua ironia faz perguntas pertinentes e perspicazes. Sobre este blog ele teceu comentários sobre o disco de vinil não existir mais e que o cd de hoje não tem outro lado. O olho dele vai longe. Ele sabia antes de mim que o que eu quero é "o terceiro lado do disco".
Eu quero é a faixa que ninguém ouve, aquela que nunca tocou no rádio - nem mesmo quando quem tinha cérebro ouvia rádio. Eu quero aquela que passou despercebida da maioria. Quero que a ouçam, não quero que fique escondida e muito menos que seu compositor e ou intérprete sinta que fez seu trabalho em vão, que ninguém vai ouvir.
Sendo assim, meu leque se abre bastante. O terceiro lado do disco está em todo lugar, até no compositor famoso (acreditem ou não ainda eles ainda existem... poucos, mas existem). Já temos aqui  o tradicional "lado b do lado b", "lado z" e agora "o terceiro lado do disco". Complicado? Não, eu sei que não.
Para iniciar  a seção "o outro lado do disco " vou falar de Renato Teixeira. Esse paulista de Santos ficou muito conhecido quando Elis Regina gravou Romaria, que toooodooo mundo conhece. É um artista que admiro sob muitos aspectos. Não está na grande mídia mas tem uma carreira bem estruturada, tem os filhos no palco consigo e vai tocando em frente. Mas o que mais admiro é sua incrível capacidade de fazer músicas belíssimas com uma simplicidade rara. Simplicidade extremamente elegante. Sem harmonias sofisticadas pois sua música vem de uma tradição rural, mas com melodias e letras caprichosas. Gosto muito, sobretudo, de um disco seu chamado "Um Poeta e Um Violão" de 1996.
Mostro pra vocês desse disco: Ao Gosto do Coração, Que Nem e as Plantinhas do Mato.

Vou postar em homenagem ao Preto que é também um homem simples do interior...de sua casa em Belo Horizonte no bairro Padre Eustáquio.















Como eu sei que você quer mais, aqui tem o disco completo (pelo menos por enquanto):
http://umquetenha.org/uqt/?cat=55

sábado, 22 de maio de 2010

Antônio Carlos Bernardes Gomes

Meu amigo e parceiro de composição, Lucas Ed., é um camarada interessante e muito interessado por música. Além de ser compositor, é formado em psicologia, é policial civil, cartunista e blogueiro. Tem ótimo gosto musical e estamos sempre trocando sons. Ele gravou pra mim um disco que acredito ser uma pérola. Esse disco se chama "Água Benta". Foi gravado em 1978, ano em que eu nasci. O músico que o gravou se chama Antônio Carlos Bernardes Gomes, nascido no Morro da Cachoeirinha, no Lins de Vasconcelos, subúrbio do Rio de Janeiro. É um disco de sambas. Samba retado, samba pra dentro e como uma certa dose de humor. Humor porque quando Antônio Carlos gravou esse disco ele era um comediante bastante conhecido em todo Brasil e alegrava as pessoas na pele de seu personagem Mussum.
Eu já sabia do fato de que Mussum era um dos membros fundadores do grupo "Os Sete Modernos", posteriormente chamado de "Originais dos Samba", mas ainda não conhecia seu trabalho solo. Os Originais do Samba é acusado de ser o pai de todos os nefastos grupos de pagode que apareceram naqueles triste anos 90. Já eu não diria isso, respeito os sambista de verdade, eles não têm culpa do lixo que veio depois deles.
Água Benta é disco muito bem feito e divertido. Vale a pena ter na discoteca pirata de sua casa. Se achar que convém, baixe ele aqui:
http://ouro-de-tolo.blogspot.com/2007/08/mussum-gua-benta-1978.html
Vou postar "Água Benta", a música que dá titulo ao álbum, e "Cada Vida Um Destino" pra você ficar com vontade de ouvir mais. Não sei ao certo o compositor dessas músicas pois é uma luta achar informações de Mussum como músico em carreira solo. Creio que são essas composições sejam suas. Se alguém descobrir me diga. E se você achar os outros dois discos que ele gravou me mande o link que eu quero baixar..







Valeu Lucas Ed !
Quer conhecer o Lucas? Ele está aqui:
http://ochickeiroquatro.blogspot.com/

Inté...

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Luiz Tatit

Coisa bonita é palavra.
Eu sou músico, estudei artes plásticas mas eu gosto mesmo é da palavra. É por causa dela que componho. É por causa dela que este blog existe.
Palavras me tiram o sono (eu deveria estar dormindo agora).
Desde que iniciei esse blog queria falar do Doutor Luiz Tatit. Este sim é um doutor de verdade. Não é um desses que vestem branco, sentam atrás de um cadeira e prescrevem remédios num dialeto incompreensível. Tatit, o músico, o letrista, o homem da linguística e da semiótica é um doutor das palavras.
Leciona na USP, mas eu aprendi muito com ele sem nunca ter assistido a aula sua. Aprendi porque conheço seus discos de cabo a rabo. Conheço o lado a,b e z.
O paulista, Luiz Tatit, fundou na década de 80 o Grupo Rumo. O Grupo Rumo é um legítimo representante da Vanguarda Musical Paulista, ao lado de Itamar Assumpção, Arrigo Barnabé, Premeditando o Breque, dentre outros.
Sua obra é vasta e riquissíma. Conhecedor da palavra e do modo peculiar de se entoar a canção brasileira. Tatit criou, à seu modo único, canções que falam do cotidiano, do banal e do corriqueiro de uma forma original, quase falada (na maioria das vezes). Além disso tudo, Tatit é autor de ensaios extremamente importantes para a compreensão da música brasileira.
Hoje vou extrapolar, vou postar três músicas. Foi difícil a beça escolher. Segue então, as canções "Tanto Amor", "Amor e Rock" e "Esboço".

























Eu sei que você gostou. Vai lá: http://www.luiztatit.com.br/

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Ceumar - Rãzinha Blues / Prenda Minha

Céu e mar, poesia pura, encanto, notas musicais. Ceumar é tudo isso e muito mais.
Difícil descrever Ceumar, mas eu tenho uma vontade danada de que todo mundo a ouça. Ceumar me encanta, me enfeitiçou há tempos e vou abrir a radiola pra falar dela.
Ceumar anda sempre muito bem acompanhada por Chico César, o Dr. Luiz Tatit e o Grupo Rumo, Gigante Brasil, Alice Ruiz, essa moçada da pesada.
Eu queria ser da tribo de Ceumar. Sabe porque? O primeiro show profissional dela chamou-se "30 músicas que vc não ouve no rádio. Ela entende o Lado B do Lado B.
Mas afinal de contas quem é Ceumar? Ceumar nasceu no sul de Minas, Itanhandu. Já andou por essas bandas de Belo Horizonte e hoje mora em São Paulo.É compositora, cantora e instrumentista. Toca violão, super bem; tem parceria inusitadas como por exemplo Gero Camilo (te desafio a saber quem é Gero Camilo); sua voz é (suspiro) linda. Ceumar tem tudo o que um artista tem que ter, no lugar certo. E pra coroar tudo isso, é também uma moça esteticamente muito bela.
Vou postar um vídeo com duas canções. A divertida Rãzinha Blues de Lony Rosa, esse camarada só achei no Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Lony Rosa é cantor, compositor, teatrólogo e escritor (te falei que ela só anda com nego bamba). E na sequência Prenda Minha do já citado Gero Camilo.
A gente percebe quem é Ceumar vendo esse vídeo. Ceumar é gente boa, é boa gente...
Depois me fale quantas vezes você assistiu a esse vídeo.

quinta-feira, 18 de março de 2010

O Tempo

Celso Adolfo é nosso, é muito nosso. Tem uma carreira longa e profícua. Nasceu em São Domingos do Prata, em Minas Gerais, e marcou minha vida e meus ouvidos quando ouvi  "O Tempo".
Mais uma vez o Acaso me trouxe sons. Sem querer fui parar num show de Celso Adolfo, justamente na turnê de O Tempo. Momento inesquecível.
O Tempo é um disco de 2002. Acho que é trabalho mais bonito de sua carreira. Posso dizer isso pois tenho o prazer de conhecer todos os seus discos. Privilégio meu e de poucos pois seu som não é pra maioria. Pena, eu gostaria que chegasse a todos.
Esse primoroso disco além de ser bonito de se ouvir é bonito de se ver. Sua edição foi extremamente caprichosa, um trabalho quase artesanal. Sua embalagem foi feita em papel reciclado num tom marrom. Seu interior contém belíssimas fotos impressas em papel vegetal. Penso que nossos filhos e netos não terão isso pois a indústrial fonográfica mudou muito e ainda vai mudar muito mais. Estamos em tempos de mídia digital, não é mesmo? Tempo confuso. Na última foto, num fundo azul com pássaros voando, há um poema de Paulo Lemisnki:

"isso de querer
ser exatamente aquilo
que a gente é
ainda vai nos levar além"

Tem gente que sabe trabalhar bem...

Deixo a faixa título do álbum, "O Tempo", pra abrir o apetite de vocês.



Veja o que Celso Adolfo faz hoje. Um trabalho bom de pois do outro bom:
www.celsoadolfo.com.br/cms/

sexta-feira, 5 de março de 2010

Simone Guimarães, Cem Anos Para Amar e Baião Barroco

Na música popular brasileira tem muita gente que parece que é de Minas Gerais mas não é. Há casos de músicos não nascidos em Minas Gerais mas que são mais mineiros do que todos, Milton Nascimento é o exemplo maior disso. Nasceu no Rio de Janeiro mas foi criado em Três Pontas e de lá saiu para encantar o mundo.
Apesar de ser mineiro e músico compositor não sei dizer ao certo o diferencial dos músicos nascidos entre as montanhas. Talvez seja algo introspectivo ou nosso espírito barroco, as serenatas do interior, as folias dos escravos. Sei não, admito.
Não conheço Santa Rosa de Viterbo, sei que fica no Estado de São Paulo mas que é pertinho da divisa com Minas Gerais. Lá nasceu, em 1966, Simone Guimarães, cantora, compositora. Fantástica! Sua voz agreste me encanta. Suas composições e suas interpretações me fascinam.
Simone Guimarães anda sempre muito bem acompanhada, nos seus discos figuram participações de grandes nomes da MPB como Milton Nascimento, Ivan Lins, Danilo Caymmi, Francis Hime, dentre outros.
Hoje vou extrapolar. Vou colocar duas canções pois não consegui me decidir sobre qual postar.
Primeiro, "Cem Anos Para Amar" parceria sua com o grande pianista mineiro Kiko Continentino. Essa música me faz verter lágrimas pois me emociona profundamente. Feche os olhos e ouça.



Para finalizar "Baião Barroco". Gostaria muito de saber de onde e como surgiu essa música. Ela é uma parceria de Simone Guimarães como o lendário violonista e guitarrista mineiro Juarez Moreira e me soa como um hino não oficial de Minas Gerais.
Estranha e maravilhosa essa relação de Simone Guimarães com Minas Gerias, nós agradecemos.



Quem sabe ainda não ouço um dia uma música minha na voz de Simone Guimarães? Sonhar não custa nada. Simone Guimarães é jóia fina, eu queria andar por aí com ela também!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O Lado Z - Daniela Aragão

Adoro o Acaso, essa entidade misteriosa. Acaso é uma forma de não explicar. "Foi por acaso". Resposta definitiva. Não carece de explicações, e, se houver, muito provavelmente, nunca saberemos. Explicar demais é chato. Bonito e bom é ser simples.

Pra mim, o Lado Z são pérolas que o grande público ainda não encontrou. E queiram os deuses que ainda encontrem, pois fazem um bem danado a vida, torna tudo mais colorido, claro, calmo, cheio.
O Lado Z é deveras charmoso. É Zeus e Zebra.
Não fazemos Arte por opção, arte não é escolha. É a Arte que nos escolhe, nos acolhe. Impossível fugir. Fazemos Arte por uma necessidade física, mística, urgente. Principalmente em um país como o nosso, onde a Arte é mal vista, mal escutada, mal sentida e confunidada com lixo. Lixo esse que é enfiado boca abaixo pelos nossos meios de comunicação e patrocinado pelas grande empresas. Isso é triste. Mas é bonito demais quando a percebe que muita gente ainda faz arte de verdade, sincera, honesta. Não estamos sozinhos.
Vou inaugurar o Lado Z com Daniela Aragão.
Daniela Aragão é juizforana, jovem, mestre em letras, cantora talentosa, estudiosa da música popular.
Daniela gravou um disco chamado "Face A Sueli Costa Face A Cacaso". Trabalho lindo, inspirado e inspirador. Admiro muito os intérpretes que sabem escolher bem seu repertório e Daniela Aragão foi extremamente feliz nessa tarefa. Sueli Costa e Cacaso + Daniela Aragão, que fórmula formidável. Difícil definir a faixa que mais gosto desse álbum. Vou apresentar a vocês "Dona Doninha", canção que fala de uma família.

Foi o Acaso que me trouxe os sons de Daniel Aragão. Obrigado aos dois.




Mais informações:
http://ocantodadaniela.blogspot.com/
http://www.myspace.com/danielaarago

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Segue o Teu Destino

Penso que arte, para ser arte, tem que ser sensível. Isso pode soar um pouco abstrato, eu sei, mas quer dizer muita coisa. Fui procurar no dicionário o significado da palavra sensível. Fui ao Aurélio, sua definição não me satisfez. Fui ao Michaelis e ele me disse algo curioso. Michaelis foi mais sensível pois foi à botânica buscar algo pra pôr sentido às minhas palavras. Segundo ele: Sensível - "10. Bot. Diz-se da planta que se retrai ou que fecha as folhas quando se lhe toca". Acho que é mais ou menos isso que quero dizer. A arte tem que te tocar, te sensibilizar, te emocionar, te questionar, te informar, te transformar. Digo isso sem pieguice porque acredito também que a arte tem uma função que vai muito além das emoções, ou não só a serviço das emoções, como o senso comum acredita. Mas emocionar faz parte, é onde ela te pega primeiro.
Vamos aos sons. Hoje vou matar dois coelhos com apenas uma tacada.
Sueli Costa é uma compositora brasileira, natural do Rio de Janeiro. Criada em Minas Gerais, local que adotou no coração que Sueli Costa iniciou sua carreira - isso já diz muito. Dona de um talento impressionante como instrumentista e principalmente como compositora,  essa artista nos presenteou com canções requintadas, luminosas, doces, e por vezes bastante tristes. Adoro a beleza da tristeza na nossa música popular. Muita gente de peso gravou Sueli Costa, nomes como Gal Costa, Maria Bethânia, Nana Caymmi, Elis Regina. Homens também gravaram: Ney Matogrosso, Fagner, Cauby Peixoto e outros mais. Mas como aqui é o "Lado B do Lado B" é na voz de Renato Braz que quero que ouçam a belíssima canção "Segue o Teu Destino". Sueli Costa é louça fina.
O paulista Renato Braz é um interprete bastante premiado dono de uma voz de beleza rara. Seu disco "Outro Quilombo" é um dos melhores discos dos últimos dez anos.
Pra coroar esse post informo que a letra dessa música foi retirada de um poema de Fernando Pessoa.
"Segue o teu destino" é muito sensível.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Se o caso é chorar, te faço chorar

Antônio José Santana Martins é um homem inquieto e quando abre a boca a gente se cala e escuta. Ainda bem que ele existe. Eu agradeço aos deuses.
Alguns "fazem" música, compõem, interpretam, criticam, escutam. Já outros, poucos, vão além. Há aqueles que, sobretudo, pensam música - meu amigo, excelente músico, Jardel Rodrim, me fez ver isso. Antônio José Santana Martins faz assim, ele é assim. Antes de tudo, um pensador da música. Esse Antônio, mais conhecido pela alcunha de Tom Zé, é um Gênio (com G maiúsculo).
Tom Zé dispensa comentários. Falar desse músico é chover no molhado. Basta ouvi-lo.
Tom Zé é um caso raro.
Tom Zé é grande. Do interior da Bahia, de Irará, para o mundo.
Essa gravação que posto é do Programa Ensaio, da TV Cultura, dirigido por Fernando Faro. Diga-se de passagem, na minha opinião, o melhor programa de música do Brasil em todos os tempos.
Tom Zé vai falar, escute só...


terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Quanta Maldição

Como o destino escolhe seus privilegiados? Sabe-se lá...
Vou abolir desse blog por hora, a palavra Maldito, vou tentar retirar os rótulos. Vamos deixar isso pra mídia.
Vou falar de artistas que acredito serem muito bons mas que não estão, ou nunca estiveram, no chamado show business. Serei mais claro no futuro, acredito.
Para encerrar esse assunto, por enquanto, quero falar de um canção de Zeca Baleiro. Não sou necessariamente um fã do Baleiro, ouvi bastante seus primeiros discos na minha adolescência, e ainda hoje os acho interessantes. O que ele produz hoje já não me interessa, mas algo ainda resiste. O Baleiro fez uma música que se chama Maldição. A letra dá pano pra manga, muito assunto pra prosear, pra refletir. Essa música está no disco Vô Imbolá. Segue abaixo a letra:


"Baudelaire, Macalé, Luiz Melodia
Quanta maldição o meu coração não quer dinheiro quer poesia
Baudelaire, Macalé, Luiz melodia
Rimbaud a missão
Poeta e ladrão escravo da paixão sem guia
Edgar allan põe tua mão na pia
Lava com sabão
Tua solidão tão infinita quanto o dia
Vicentinho, Van Gogh, Luiza erundina
Voltem pro sertão pra plantar feijão
Tulipas para a burguesia
Baudelaire, Macalé, Luiz Melodia, Waly salomão
Itamar Assumpção o resto é perfumaria"

Ouça...



segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Sérgio Sampaio: "Pobre meu pai"

Vou começar falando de Sérgio Sampaio (não me perguntem porquê). Alguém conhece?
Se isso fosse uma palestra em qualquer auditório lotado talvez uns dois ou três, provavelmente “cabirecas” e barbudos, levantassem a mão.
Sérgio Sampaio é capixaba, de Cachoeiro de Itapemirim. Nessa hora 300 senhoras na faixa dos 60 anos gritariam que conhecem porque foi lá que nasceu o Rei (risos meus) Roberto Carlos.
Sérgio é uma vítima do mercado. Fez músicas maravilhosas, do rock ao tango, mais criativas do que as do Raul Seixas, do qual foi parceiro, e morreu no ostracismo.
Um cara com visual de roqueiro, papo de hippie mas que era fã de Orlando Silva, Nelson Rodrigues e Sílvio Caldas é no mínimo um personagem curioso.
Talvez você conheça “Eu Quero Botar Meu Bloco Na Rua” mas como aqui é o “Lado B do Lado B” vou mostrar “Pobre Meu Pai”, que é uma das muitas músicas que eu acho a mais bonita do mundo. E como o papo aqui é sobre composição achei um vídeo super tosco mas que dá pra gente perceber as sutilezas dessa canção. Nesse vídeo encontra-se Sérgio Sampaio, o violão e um monte de gente passando em frente à câmera.
Não fique só nisso, procure saber mais. Vá se informar, camarada. Te dou uma força. Comece por aqui: http://sergiosampaio.uol.com.br/ . E depois siga seu caminho...
Agora olhe e ouça isso:

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Porque?

Por que o “LADO B DO LADO B”? Melhor seria me perguntar o porquê de um blog? Não tenho muita certeza de nada, apenas convicções (que é uma palavra muito mais bonita). Ter certeza é chato e pode criar constrangimentos. Melhor me defender agora, bem no comecinho. Obviamente, se a gente escreve algo num lugar público, como aqui, queremos que alguém leia (Vide Psicologia dos Pichadores, pg 4). Quero compartilhar idéias, tenho desejo de mostrar minha visão sobre alguns aspectos musicais, especificamente da canção brasileira. Muito me interessa a música que quase ninguém ouve, excelentes artistas que quase ninguém conhece. Talvez eu esteja fazendo isso porque a música que componho é assim, quase que só eu mesmo ouço e alguns amigos e esposa (é claro), pessoas essas de muita boa vontade. Vou falar de um determinado tipo de música não comercial que mesmo quem gosta muito de música brasileira talvez não conheça e pra que quem conhece possa se divertir. Quero abrir espaço na minha prosa para os “marginalizados” da nossa música e nessa ala eu me incluo.
Sem mais delongas...