segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O Lado Z - Daniela Aragão

Adoro o Acaso, essa entidade misteriosa. Acaso é uma forma de não explicar. "Foi por acaso". Resposta definitiva. Não carece de explicações, e, se houver, muito provavelmente, nunca saberemos. Explicar demais é chato. Bonito e bom é ser simples.

Pra mim, o Lado Z são pérolas que o grande público ainda não encontrou. E queiram os deuses que ainda encontrem, pois fazem um bem danado a vida, torna tudo mais colorido, claro, calmo, cheio.
O Lado Z é deveras charmoso. É Zeus e Zebra.
Não fazemos Arte por opção, arte não é escolha. É a Arte que nos escolhe, nos acolhe. Impossível fugir. Fazemos Arte por uma necessidade física, mística, urgente. Principalmente em um país como o nosso, onde a Arte é mal vista, mal escutada, mal sentida e confunidada com lixo. Lixo esse que é enfiado boca abaixo pelos nossos meios de comunicação e patrocinado pelas grande empresas. Isso é triste. Mas é bonito demais quando a percebe que muita gente ainda faz arte de verdade, sincera, honesta. Não estamos sozinhos.
Vou inaugurar o Lado Z com Daniela Aragão.
Daniela Aragão é juizforana, jovem, mestre em letras, cantora talentosa, estudiosa da música popular.
Daniela gravou um disco chamado "Face A Sueli Costa Face A Cacaso". Trabalho lindo, inspirado e inspirador. Admiro muito os intérpretes que sabem escolher bem seu repertório e Daniela Aragão foi extremamente feliz nessa tarefa. Sueli Costa e Cacaso + Daniela Aragão, que fórmula formidável. Difícil definir a faixa que mais gosto desse álbum. Vou apresentar a vocês "Dona Doninha", canção que fala de uma família.

Foi o Acaso que me trouxe os sons de Daniel Aragão. Obrigado aos dois.




Mais informações:
http://ocantodadaniela.blogspot.com/
http://www.myspace.com/danielaarago

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Segue o Teu Destino

Penso que arte, para ser arte, tem que ser sensível. Isso pode soar um pouco abstrato, eu sei, mas quer dizer muita coisa. Fui procurar no dicionário o significado da palavra sensível. Fui ao Aurélio, sua definição não me satisfez. Fui ao Michaelis e ele me disse algo curioso. Michaelis foi mais sensível pois foi à botânica buscar algo pra pôr sentido às minhas palavras. Segundo ele: Sensível - "10. Bot. Diz-se da planta que se retrai ou que fecha as folhas quando se lhe toca". Acho que é mais ou menos isso que quero dizer. A arte tem que te tocar, te sensibilizar, te emocionar, te questionar, te informar, te transformar. Digo isso sem pieguice porque acredito também que a arte tem uma função que vai muito além das emoções, ou não só a serviço das emoções, como o senso comum acredita. Mas emocionar faz parte, é onde ela te pega primeiro.
Vamos aos sons. Hoje vou matar dois coelhos com apenas uma tacada.
Sueli Costa é uma compositora brasileira, natural do Rio de Janeiro. Criada em Minas Gerais, local que adotou no coração que Sueli Costa iniciou sua carreira - isso já diz muito. Dona de um talento impressionante como instrumentista e principalmente como compositora,  essa artista nos presenteou com canções requintadas, luminosas, doces, e por vezes bastante tristes. Adoro a beleza da tristeza na nossa música popular. Muita gente de peso gravou Sueli Costa, nomes como Gal Costa, Maria Bethânia, Nana Caymmi, Elis Regina. Homens também gravaram: Ney Matogrosso, Fagner, Cauby Peixoto e outros mais. Mas como aqui é o "Lado B do Lado B" é na voz de Renato Braz que quero que ouçam a belíssima canção "Segue o Teu Destino". Sueli Costa é louça fina.
O paulista Renato Braz é um interprete bastante premiado dono de uma voz de beleza rara. Seu disco "Outro Quilombo" é um dos melhores discos dos últimos dez anos.
Pra coroar esse post informo que a letra dessa música foi retirada de um poema de Fernando Pessoa.
"Segue o teu destino" é muito sensível.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Se o caso é chorar, te faço chorar

Antônio José Santana Martins é um homem inquieto e quando abre a boca a gente se cala e escuta. Ainda bem que ele existe. Eu agradeço aos deuses.
Alguns "fazem" música, compõem, interpretam, criticam, escutam. Já outros, poucos, vão além. Há aqueles que, sobretudo, pensam música - meu amigo, excelente músico, Jardel Rodrim, me fez ver isso. Antônio José Santana Martins faz assim, ele é assim. Antes de tudo, um pensador da música. Esse Antônio, mais conhecido pela alcunha de Tom Zé, é um Gênio (com G maiúsculo).
Tom Zé dispensa comentários. Falar desse músico é chover no molhado. Basta ouvi-lo.
Tom Zé é um caso raro.
Tom Zé é grande. Do interior da Bahia, de Irará, para o mundo.
Essa gravação que posto é do Programa Ensaio, da TV Cultura, dirigido por Fernando Faro. Diga-se de passagem, na minha opinião, o melhor programa de música do Brasil em todos os tempos.
Tom Zé vai falar, escute só...


terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Quanta Maldição

Como o destino escolhe seus privilegiados? Sabe-se lá...
Vou abolir desse blog por hora, a palavra Maldito, vou tentar retirar os rótulos. Vamos deixar isso pra mídia.
Vou falar de artistas que acredito serem muito bons mas que não estão, ou nunca estiveram, no chamado show business. Serei mais claro no futuro, acredito.
Para encerrar esse assunto, por enquanto, quero falar de um canção de Zeca Baleiro. Não sou necessariamente um fã do Baleiro, ouvi bastante seus primeiros discos na minha adolescência, e ainda hoje os acho interessantes. O que ele produz hoje já não me interessa, mas algo ainda resiste. O Baleiro fez uma música que se chama Maldição. A letra dá pano pra manga, muito assunto pra prosear, pra refletir. Essa música está no disco Vô Imbolá. Segue abaixo a letra:


"Baudelaire, Macalé, Luiz Melodia
Quanta maldição o meu coração não quer dinheiro quer poesia
Baudelaire, Macalé, Luiz melodia
Rimbaud a missão
Poeta e ladrão escravo da paixão sem guia
Edgar allan põe tua mão na pia
Lava com sabão
Tua solidão tão infinita quanto o dia
Vicentinho, Van Gogh, Luiza erundina
Voltem pro sertão pra plantar feijão
Tulipas para a burguesia
Baudelaire, Macalé, Luiz Melodia, Waly salomão
Itamar Assumpção o resto é perfumaria"

Ouça...



segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Sérgio Sampaio: "Pobre meu pai"

Vou começar falando de Sérgio Sampaio (não me perguntem porquê). Alguém conhece?
Se isso fosse uma palestra em qualquer auditório lotado talvez uns dois ou três, provavelmente “cabirecas” e barbudos, levantassem a mão.
Sérgio Sampaio é capixaba, de Cachoeiro de Itapemirim. Nessa hora 300 senhoras na faixa dos 60 anos gritariam que conhecem porque foi lá que nasceu o Rei (risos meus) Roberto Carlos.
Sérgio é uma vítima do mercado. Fez músicas maravilhosas, do rock ao tango, mais criativas do que as do Raul Seixas, do qual foi parceiro, e morreu no ostracismo.
Um cara com visual de roqueiro, papo de hippie mas que era fã de Orlando Silva, Nelson Rodrigues e Sílvio Caldas é no mínimo um personagem curioso.
Talvez você conheça “Eu Quero Botar Meu Bloco Na Rua” mas como aqui é o “Lado B do Lado B” vou mostrar “Pobre Meu Pai”, que é uma das muitas músicas que eu acho a mais bonita do mundo. E como o papo aqui é sobre composição achei um vídeo super tosco mas que dá pra gente perceber as sutilezas dessa canção. Nesse vídeo encontra-se Sérgio Sampaio, o violão e um monte de gente passando em frente à câmera.
Não fique só nisso, procure saber mais. Vá se informar, camarada. Te dou uma força. Comece por aqui: http://sergiosampaio.uol.com.br/ . E depois siga seu caminho...
Agora olhe e ouça isso:

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Porque?

Por que o “LADO B DO LADO B”? Melhor seria me perguntar o porquê de um blog? Não tenho muita certeza de nada, apenas convicções (que é uma palavra muito mais bonita). Ter certeza é chato e pode criar constrangimentos. Melhor me defender agora, bem no comecinho. Obviamente, se a gente escreve algo num lugar público, como aqui, queremos que alguém leia (Vide Psicologia dos Pichadores, pg 4). Quero compartilhar idéias, tenho desejo de mostrar minha visão sobre alguns aspectos musicais, especificamente da canção brasileira. Muito me interessa a música que quase ninguém ouve, excelentes artistas que quase ninguém conhece. Talvez eu esteja fazendo isso porque a música que componho é assim, quase que só eu mesmo ouço e alguns amigos e esposa (é claro), pessoas essas de muita boa vontade. Vou falar de um determinado tipo de música não comercial que mesmo quem gosta muito de música brasileira talvez não conheça e pra que quem conhece possa se divertir. Quero abrir espaço na minha prosa para os “marginalizados” da nossa música e nessa ala eu me incluo.
Sem mais delongas...